A Suméria antiga foi uma das
primeiras civilizações do Oriente com cidades estados organizadas e escrita,
onde a bíblia diz ter havido o Eden, entre o rio Tigre e Eufrates atualmente
onde fica o Irã, foi a primeira civilização registrada com escrita em
cuneiforme, mesmo antes do Egito, como pode ser evidenciado aqui :
Os sumérios foram responsáveis por
muitos avanços significativos,
incluindo a roda, matemática,
leis codificadas, um sistema de dinheiro e, principalmente, o primeiro método de escrita, conhecido como cuneiforme , em torno
de 3000 aC. Naquela época, sua civilização havia se tornado um verdadeiro
estado-nação, com mais de uma dúzia de cidades e uma população total de
aproximadamente 500 mil. Essas cidades foram inicialmente governadas por
uma classe de sacerdotes, e depois por uma série de reis, aliada com elas.
Antes da invasão de Kurgan, a
deidade primária dos sumérios era a Deusa Mãe Namma, Astara ou Ishtar. No
entanto, com a chegada dos Kurgans a infiltração draco-arconte um deus de
guerra assustador e destrutivo conhecido como Anu tornou-se
dominante. Depois disso, vemos todos os resultados habituais da
Kurganização, a criação de exércitos permanentes, a redução do status das
mulheres e a conversão da religião de uma atividade espiritual em um mecanismo
de apoio a uma elite dominante violenta e poderosa.
Essa foi a origem dos mitos de
Anu, Enki, Inanna que estão registrados nas tabuas sumérias e foram
recentemente interpretados distorcidamente como a origem dos iluminatis, o que
é uma distorção claro, pois o problema vem de bem mais longe, e de outros
locais, sendo a Suméria apenas mais um local infiltrado e dominado
posteriormente, por que de inicio foi uma civilização matriarcal, educada, e em
desenvolvimento.
Mesmo assim, a invasão não
destituiu bruscamente a presença do arquétipo da deusa da religião Suméria,
pois era um fundamento muito forte naquela cultura, eles criaram então uma
mistura, e da união do deus sumério Anu e a deusa Ninhursag nasce a deusa Inanna , como canal
do arquétipo da Deusa ishtar ou Astara numa forma mais guerreira, Ela foi freqüentemente classificada como uma
deusa do amor, do sexo e da guerra. Se examinarmos a poesia da Sumo
Sacerdote Sumerio Enheduanna (2285-2250
AEC), que escreveu extensivamente sobre Inanna, nesse momento já vemos ela retratada com aspectos guerreiros e
ligados ao sangue, muito distante do
arquétipo benevolente da Deusa Mãe. Outras deusas de segunda geração,
como Ishtar Assírio e
as Astaras cananitas ,
também têm qualidades semelhantes, más ainda com sua posição de Deusa suprema
celestial.
No artigo As sacerdotisas
Sumérias, o historiador Erlânio S. Guimarães descreve : “A cultura Suméria é
uma redescoberta recente realizada pelos historiadores e arqueólogos. E através desta redescoberta, várias hipóteses
têm sido formuladas no que se refere às antigas Civilizações do Próximo
Oriente. Repensou-se o papel das sacerdotisas nos templos antigas da
mesopotâmia sumérica, mas narra-se que Sargão de Akkad, rei sumeriano no ano
2334 a.c, teria oficializado a tradição do culto a deusa na formação do
primeiro império, prestando culto a deusa Inanna, pela qual foi favorecido em
sonhos. A partir daí, estabelece o sacerdócio feminino no culto a deusa através
de sua filha Enheduana, que passa a representar a própria divindade na terra.
(SCHÜSSLER, 2010, pag 3 ). Sabe-se hoje que o culto as Deusas e/ou a Deusa Mãe
existe desde o Paleolítico e foi praticado em todas as culturas antigas, sempre
associado a mulher como representante dessa imagem de mãe espiritual. Inanna é
a divindade ligado a fertilidade e natureza, seu nome, na língua Suméria, quer
dizer “Rainha do Céu “. Devido a sua importância no panteão sumério ela tinha
vários locais de culto – templos como os de Uruk. Posteriormente, sua figura é
associada ao nome da deusa Ishtar Cabe colocar que a citada deusa possui
atributos hoje ainda reconhecidos em Maria, mãe de Jesus, tais como virgem,
esposa do Sol, senhora da Luz, primavera.”
As sacerdotisas não eram
ridicularizadas e menosprezadas. Seu papel tinha suma importância entre os
sumérios, pois através destas a simpatia dos deuses era garantida. Eram
respeitadas e valorizadas, pois representavam a encarnação da própria Deusa nos
ritos realizados sendo destinados a elas direitos legais no Código de Hamurabi
( SCHÜSSLER, 2010, pag 13 )
Os deuses eram alimentados,
vestido e presenteados. As oferendas incluíam alimentos que também eram
consumidos pelos homens e usados para libações. Sendo queimados diante às
estatuas incensos e madeiras aromáticas. Nesses rituais, a sexualidade não era
excluída, a mulher era o centro do rito, pois representava a Deusa, isso dava
ao sexo feminino o poder e o status atribuído a Sacerdotisa.”
As sacerdotisas que se
dedicavam ao sacerdócio normalmente o faziam de livre e espontânea vontade,
pois o faziam pela deusa e assim também caíam em suas graças. Para os sumérios
servir aos deuses era uma honra. Não é a toa que nas civilizações vindouras,
estas mesmas serviçais iriam ser reconhecidas como Graças ( SCHÜSSLER, 2010,
pag 13).”
Artigo, Prostituição
sagrada. Erlânio S. Guimarães. Urca.
A Deusa Inanna, como um aspecto
de Ishtar ou Astara era venerada nos templos zigurates e estes eram a principal
confluência entre o poder politico real e o povo através dos sacerdotes da
nobreza e das sacerdotisas, as oferendas, cânticos, e celebrações serviam de
fluxo dos vários interesses humanos para com a divindade, principalmente de favores
e pacificação ou proteção. Alimento e abrigo era garantido e pedidos podiam ser
feitos sem que se preocupasse com favoritismo pois sempre havia a ideia de uma
presença divina em todo esses rituais, as sacerdotisas podiam voltar pra casar
depois de servir a deusa ou ficar nesse oficio, más como diz o artigo, era o
poder garantido a mulher que servia como abrigo as mesmas pois havia
intercessão direta entre o poder temporal e sagrado em seus ofícios, isso foi o
que os homens ligados aos Arcontes queriam destruir para garantir seu poder
totalitário e foram banindo aos poucos, e isso talvez tenha sido também um dos
fatores para o fim da harmonia daquela civilização.
Após as constantes batalhas e
secas os povos Sumérios foram migrando para o leste e dessas migrações adveio a
Babilônia, nesse interim o sistema patriarcal já havia evoluído totalmente para
o sistema Babilônico de escravização por divida e a extinção do culto a Deusa
para o culto a Deuses guerreiros monoteístas e o culto a personalidade dos reis.
Asherá – a Deusa proibida
A terra de Canaã consistia no
que é agora Israel, Líbano, Síria, Jordânia e ocidental do Iraque. A
invasão Kurgan daquela área ocorreu antes do advento da história registrada, no
entanto até cerca de 2500 aC, sabemos que a deidade primária na região
era El
Frente a essa exclusividade de
Yahweh, será impossível a sobrevivência de qualquer outra divindade, além de
que a ênfase em Yahweh será critério de afirmação do sacerdócio masculino
perpetuando uma sociedade patriarcal (Reimer, 2006: 117). Neste contexto, a
existência de outras divindades masculinas e femininas foi sempre uma ameaça ao
monoteísmo estabelecido, sendo que as reformas religiosas em Judá, de Josafá
(870-848 a.E.C), de Ezequias (716-687 a.E.C), de Josias (640-609 a.E.C) e as
legislações do Código da Aliança (Ex 20,22- 23,19) e do Código Deuteronômico
(Dt 12-26) agiram como instrumentos que visavam assegurar a fé monoteísta.
Essa ideologia de abolir o
culto popular a Deusa e aos Elohim, o conjunto de Els que certamente eram
vários deuses celestiais estava relacionada a ascensão da casta sacerdotal
Levita que a partir desse conflito entre a religião popular e a religião
monoteísta de Yahweh passa a perseguir e impor o monoteísmo como religião
oficial, pois a forma de manter o total controle religioso, e portanto
politico, através do templo e do oficio de sacerdotes que eles detinham.
A perseguição dos cananeus começou
em torno de 900 AEC, quando o rei hebraico Asa destruiu todos os
seus templos em Judá e matou todos os sacerdotes e sacerdotisas. Em seguida,
por volta de 840 aC, o rei Jehu (
Jéu ) continuou a dominação matando em massa todos os não-hebreus em Samaria e
destruindo seus templos, matando mais de 30 mil homens, mulheres e
crianças. Em última análise, em 620 aC, o rei Josias proibiu
completamente todas as religiões não-hebraicas em toda Canaã, destruiu todos os
seus templos remanescentes e assassinou todos os seus sacerdotes e sacerdotisas.
O genocídio religioso dos
hebreus finalmente chegou ao fim em torno de 600 aC, quando a área foi ocupada
por nações como a Babilônia e mais tarde a Pérsia. Embora fosse quase 1000
anos antes da civilização ocidental sofrer outra tentativa de estabelecer um
monopólio religioso pela força, mais uma vez seriam os seguidores de Yahweh que
seriam responsáveis. pelo templo de Jerusalém teriam
sido retirados utensílios feitos para Baal, Aserá e o Exército do
céu ( Os Els ); sacerdotes dos 'altos' foram depostos, a estaca sagrada
(hebraico: asherah) foi destruída, cabanas onde as mulheres teciam véus para
Aserá foram demolidas etc. Também os santuários do interior foram
desautorizados e desmantelados. Houve, assim, claramente, uma concentração do
culto a Yahveh em Jerusalém, com a conseqüente exigência da adoração exclusiva
dessa divindade (Reimer, 2003: 982).
O Exilio na Babilônia
fortaleceu a casta sacerdotal judaica levita com os acordos de amizade e
cooperação que restabeleceram e permitiram o retorno do povo a Judéia,
retornaram com essa prática a toda força, impondo mais severamente o monoteísmo
ao povo, como se pode ver nas narrativas proféticas desse período que condena,
persegue, e culpa todos aqueles que seguem os antigos deuses e deusas de
idolatria, inclusive acusando esses do exilio e de todos os problemas sociais
do povo, pratica essa que ressurgiu na idade média quando os cristãos
perseguiam as mulheres que não seguiam os princípios religiosos católicos de
bruxaria acusando-as de causar doenças e catástrofes naturais ( com causas
naturais claro ) e com isso as queimando, assassinando e tomando seus bens
impondo suas ideologias pelo medo.
Ezequias (727-698 a.E.C), filho
e sucessor de Acaz, é lembrado como o rei que “fez o que é agradável aos olhos
de Yahweh”. Durante o seu reinado, após a celebração da Páscoa e da festa dos
Ázimos é empreendida uma reforma do culto, terminadas todas essas festas,
todo o Israel que lá se achava saiu pelas cidades de Judá quebrando as estelas,
despedaçando as aserás, demolindo os lugares altos e os altares, para
eliminá-los por completo de todo o Judá, Benjamim, Efraim e Manassés. A seguir,
todos os israelitas voltaram para suas cidades, cada um para seu patrimônio
(2Cr 31,1).
Nesta época o Reino do Norte,
Israel, já havia sido destruído, sendo assim, Judá, Reino do Sul, tornou-se o
único espaço onde a identidade religiosa do povo de Yahweh poderia ser mantida.
Foi nesse contexto que Ezequias promoveu uma extensa reforma religiosa e
política, com intenções de reunir o povo em torno de um só Deus e um só rei.
Por isso, Ezequias é exaltado pelos redatores deuteronomistas como o rei que
“fez o que agrada aos olhos de Yahweh” (2Rs 18,3). ( Artigo, Asherá a deusa proibida )
Na sequencia, após a destruição
do reino do Norte por guerras, O rei Josias (640-609 a.E.C) empreendeu uma
reforma a partir de 622 a.E.C fazendo de Jerusalém o centro político e
religioso de seu estado, destruindo os santuários de Yahweh que havia no
interior e acabando com os cultos cananeus e assírios, que aconteciam no templo
de Jerusalém e nos lugares altos. A reforma de Josias atingiu a liberdade
religiosa popular, pois ordenou
a Helcias, o sumo sacerdote,
aos sacerdotes que ocupavam o segundo lugar e aos guardas das portas que
retirassem do santuário de Yahweh todos os objetos de culto que tinham sido
feitos para Baal, para Aserá e para todo o exército do céu, queimou-os fora de
Jerusalém, nos campos do Cedron e levou suas cinzas para Betel (2Rs 23,4).
Com isso, o culto exclusivo a
Yahweh é reafirmado pela corte e pela classe sacerdotal de Jerusalém,
exclusividade que custou caro à religiosidade popular.
Josias ainda “demoliu as casas
das prostitutas sagradas, que estavam no templo de Yahweh, onde as mulheres
teciam véus para Aserá” (2Rs 23,7).
Kedeshah, a prostituição
sagrada na Bíblia.
Na Bíblia hebraica as Kedeshah eram
prostitutas do templo, geralmente associadas com a deusa Asherah. Seja qual for
o significado do culto de uma Kedeshah a um seguidor da religião Cananéia, a
Bíblia hebraica deixa claro que a prostituição cultual não tinha lugar no
judaísmo monoteísta de Moisés. Assim, em Deuteronômio 23:18-19 diz aos
seguidores:
Nenhuma das filhas de Israel
será uma kedeshah, nem qualquer dos filhos de Israel ser um Cades. Você não
deve trazer o aluguer de uma prostituta (zonah) ou o salário de um cão (kelev)
na casa do Senhor seu Deus para pagar uma promessa, para ambos são abomináveis
ao Senhor teu Deus (DEUTERONIMO, BIBLIA SAGRADA. Cap 23:18-19 ) A lei de Moisés
proibiu severamente a prostituição – para se ter uma ideia o termo Zonah quer
dizer semelhante a cadela em hebraico. Além disso, o sistema patriarcal judaico
exercia completo domínio sobre a mulher o que fica bastante visível na lei que
exigia a fidelidade feminina (sendo o adultério passível de pena de morte) bem
como nas funções sociais determinadas a elas: deveriam ficar restritas a
exercer o papel de mãe ou dona de casa, artesã
ou similares sendo o
sacerdócio, a guerra e a liderança atividades exclusivas da esfera masculina,
deixando poucas opções para a mulher fora do casamento. A Deusa Asherá hoje foi banida na história
e religiosidade Israelita. Em relação a esta, temos algumas possíveis
referências na Bíblia: em Jeremias 7:18, quando menciona holocaustos a Rainha
do Céu, mesmo após o êxodo egípcio demonstrando que o culto a Deusa permaneceu
sendo praticada, assim como em Reis :15:12 onde se observa que Asa depõe sua
mãe da condição de rainha e também abole a deusa Asherá e seu culto, em
Jeremias 7:44 as reclamações do povo ao profeta sentindo falta do culto a
deusa, bem como as admoestações de Jeremias que suplicam para o abandono dessas
práticas. (HADLEY, 2008) Mantendo a campanha monoteísta que se instalou em Israel
a partir da lei Mosaica, o combate a prostituição e o culto a deusa, como
demonstra a Bíblia, foi uma luta constante tanto ao que se chama Idolatria
(culto a deuses estrangeiros) como a prostituição ou adultério e os ritos
envolvidos na floresta, nos montes (alusões diretas aos altares construídos a
esses deuses e deusas chamados hoje pagãos), práticas progressivamente extintas
dos povos do oriente médio a partir de severas punições constantes na lei
mosaica, nas vulgatas, para por algumas razões possíveis se esconder esse
conflito se traduziu o termo Asherá muitas vezes por Bosques ou campos de
monteiros, a reforma de Josias demonstra esse caráter da pregação monoteísta
que combateu a idolatria entre os hebreus, porém, claro, existem pessoas que
não concordam com essas traduções e sugerem os debates sobre o assunto
controverso. (HADLEY, 2008) A visão
patriarcal e monoteísta religiosa da Bíblia e dos povos do oriente médio se
tornaram a visão religiosa das grandes religiões que preponderaram no ocidente,
como Judaísmo, Islamismo e Cristianismo, essas visões trouxeram também a forma
de encarar o feminino, a magia, a feiticeira, a prostituição e a sexualidade ou
seja, uma moral e comportamento que se tornaram usuais no mundo todo chamado
mundo cristão.
As Kedesha viviam em tendas próximas ao templos de Asherá,
cuidando das deidades igual as prostitutas sagradas da Suméria, no caso das
Kedeshás elas usavam um véu (Gen 38.14 ) quando praticavam a prostituição sagrada
, o que era um ato honrado no templo da deusa Asherá.
Os levitas quando instalaram o
culto ao deus monoteísta Yawhe proibiram a entrada das Kedeshas, as quais foram
assassinadas, expulsas ou escravizadas quando eles subiram ao poder junto aos
reis monoteístas após Salomão, com isso foram excluídas da religião sacertotal
oficial do templo, apesar de ainda terem forte representação popular que foi
combatida pelos profetas oficiais até a queda de Jerusalém. ( Dt 32.17 )
O Nome Asherá foi substituído
na vulgata, nas traduções bíblicas para monte, ou poste, e seu nome
praticamente foi extinto da memória religiosa de forma que pouca gente saberá
da existência do culto a deusa a não ser que pesquise bem e também tenha acesso
aos textos bíblicos em hebraico ou grego, pois em latim já houve essa
substituição, feita propositalmente para apagar a memória da deusa das
escrituras.
Porém esse conflito é tão
marcante, o debate sobre a chamada idolatria e conflito entre a religião do
povo e a religião dos sacerdotes é tão presente em todos os livros do Antigo
Testamente durante séculos que uma leitura mais atenta nessa pespectiva não
dogmática, a pespectiva não dos vencedores más dos vencidos, deixa claro essa
trágica história e suas consequências pras mulheres daquela época, que foram
subjugadas pela casta sacerdotal através de leis Levitas ( Leviticos e
Deuteronômio ) que as assassinavam em casos de adultério, prostituição,
mediunidade, pratica magica e como elas não podiam ter nenhum cargo religioso
importante na religião dominante, perdendo o status social de sacerdotisas, e
nem politico, militar ou governamental isso foi o inicio da total subjulgação
que durou milênios a partir da expansão desses costumes ideológicos religiosos.
A supressão do culto e da
imagem da Deusa Asherah traz consigo conseqüências profundas para as relações
entre os gêneros, afetando em especial aos corpos das mulheres, que tinham na
Deusa uma possibilidade de representação do feminino no sagrado. A religião
judaica vai se constituindo em torno de um único Deus masculino, legitimando
historicamente uma sociedade patriarcal. Este poder divino imaginado somente
como Deus afetou as mulheres, as crianças, a natureza, pois quase sempre partiu
de um pressuposto de dominação, opressão e hierarquização das relações, tanto
humanas como ecológicas. Afirmar Asherah como Deusa é polêmico, mas necessário
à religião e à pesquisa bíblica. Dar voz a uma época em que Deuses e Deusas
eram adorados, em que o próprio Yahweh foi adorado ao lado de Asherah, nos
impulsiona a re-pensar não só as relações pré-estabelecidas entre homens e
mulheres, bem como, a própria representação do sagrado estabelecida.
É preciso muita coragem ,
debate e estudo pra resgatar a imagem da Deusa entre os hebreus por que isso
vai violentamente de contra aos interesses das religiões atuais que se
apropriaram da literatura religiosa judaica com suas traduções e interpretações
para construir duas das maiores religiões do mundo e rejeitam fortemente essa
presença sagrada na origem de sua fé, mesmo com tantas evidências.
David, Salomão e outros reis
chegaram a abraçar fortemente a religião da deusa e amparar vários cultos diferentes
na religião popular da Judéia em seu povo através de seus casamentos e
concubinas, Os Levitas haviam imposto por
séculos o culto ao deus Monoteista Jeová ou Yahwe e perseguido ferozmente o
culto a deusa Asherá desde a morte de Salomão. Salomão, o mais opulento e
prospero rei de Israel mantinha a
tradição antiga judaica de adorar a Deusa Asherá e os baals ( deuses planetários ) junto ao El, o Senhor,
Adonai e até então não havia ainda um culto único estabelecido embora já
houvesse o culto a YHVH ou Yahvé como deus único pelos levitas, sacerdotes,
como sendo um culto da elite sacerdotal que queriam impor ao povo hebreu.
Salomão não só mantinha a deusa dentro do Santuário
do templo como mantinha toda as sacerdotisas de vários países e origens ligados
ao culto e trazia especiarias e riquezas até da Índia e Egito para manter o
templo, após sua morte seu descendente, Asa rei de Judá já vivia o clima de
cisma politico entre Judá e Israel ( algo como Israel e Palestina hoje ) e
resolveu destituir sua própria Mãe do direito de governar e destruir, com o
aconselhamento dos sacerdotes Levitas, o culto a Deusa Asherá no templo :
E fez Judá o que era mau aos olhos
do Senhor; e com os seus pecados que cometeram, provocaram-no a zelos, mais do
que todos os seus pais fizeram.
Porque também eles edificaram altos, e estátuas, e imagens de Aserá sobre todo
o alto outeiro e debaixo de toda a árvore verde.
1 Reis 14:22,23
13 E até a Maaca, sua mãe, removeu para que
não fosse rainha, porquanto tinha feito um horrível ídolo a Aserá; também Asa
desfez o seu ídolo horrível, e o queimou junto ao ribeiro de Cedrom ( I Reis )
Vemos a narrativa desses textos
repletas de conspiração, guerras, assassinatos , guerras politicas e traições e
como esse conflito eram permeados por lideres religiosos modificando ou
manipulando a situação através da demonização ou preconceito contra os deuses
antigos e seus seguidores para promover a implantação de um governo
centralizado patriarcal e baseado nos rígidos códigos levitas.
Os seguidores de Yahvé e os sacerdotes levitas
conseguiram com o tempo tomar o poder politico tanto em Judá como em Israel
através dos Juizes e após isso tornaram a narrativa dos profetas levitas contra
a Deusa Mãe a narrativa oficial, profetas como Jeremias perseguissem o culto a
deusa entre os hebreus, inclusive com acusações sobre pecado, comportamento, e
que problemas climáticos seriam culpa das mulheres que cultuavam a deusa e que
isso traria a “ira de Yahvé” ( lembram de algo?)
Em Reis 2 se relata como após a morte de
Salomão se faz uma critica pesada a seu reinado por idolatria e como o rei
posterior a ele, Josias, que começou a reinar aos oito anos de idade, através
dele e seus conselheiros a sua mãe foi deposta e o foi retirado do templo,
construído por seu pai Salomão todas as estatuas e instrumentos de culto.
Durante séculos isso foi
apagado, modificado e qualquer menção ao que estamos contando aqui poderia ser
perigoso devido a ditadura religiosa e a inquisição, felizmente em países
laicos esse tempo passou e temos a oportunidade, as mulheres especialmente, de
rever esses conceitos e entender a Biblia de outra pespectiva mais realista
historicamente e espiritualmente, como um livro que foi, infelizmente, bastante
manipulado contra o sagrado feminino por um grupo pequeno de lideranças
sacerdotais do patriarcado daquela época.
Assim como o conceito de
Shekiná, a presença feminina de Deus foi praticamente retirado da bíblia e seu
nome muitas vezes trocado pela palavra sabedoria, a memória de Asherá foi
apagada da história bíblica e da memória hebraica com um grande esforço e
destruição, os judeus Askhenazis, os judeus Europeus Kazharianos e outros
grupos principalmente com um interesse em manter a narrativa sacerdotal que
apoia totalmente os movimento sionistas, nazisionistas e outros grupos com
forte interesse no pacto entre Israel, EUA e esses grupos são igualmente uma
grande força por trás dessa empresa de excluir a presença da Deusa e sua
verdadeira história, como podemos ver aqui nesse interessante artigo de um
professor de história de Israel :
Vitória da luz
Vitória da Deusa.
Jaya Maa
Sri Amrtananda R.
Fontes :
Artigo
: Asherá, a Deusa proibida. Ana Luisa Alves Cordeiro
Graduanda
do Bacharelado em Teologia pela Universidade Católica de Goiás.
Artigo
: As prostituas sagradas. Erlânio S. Guimarães. URCA ( Universidade Regional do
Cariri )
Sionismo.net